Deus». Vê-se pela enumeração dereito civel, dereito canonico, que segundo Deus quer dizer — direito que provém de Deus, i. é, direito divino[1]. Tambem no testamento de D. Affonso II (sec. XIII) se lê: «e elles as depártiã segũdo deus»[2]. No Leal Conselheiro (sec. XV) encontro: «aquella tristeza, que he segundo Deos, obra peendença stavel para a saude; a tristeza do segle obra morte», onde segundo Deos se oppõe a do segle, i. é, «mundana», e significa como o proprio D. Duarte explica mais adeante: «aquella [tristeza] que descende de Deos»[3]. Outro ex. da mesma obra: «ao sprito da tristeza, que nom he segundo Deos, devemos a fugir»[4].
2. deus = plural? Vid. a annotação á fab. XLVII.
Diaboo, Diabo: XLV, 42.
dinheiros. No plural, em circunstancias em que nós hoje poriamos collectivameme o singular: «hũa ssoma de dinheiros», XXXV, 5; «ho auaro he seruo dos jdolos .s. dos dinheiros», XLII, 20-21; «quem serue aos dinheiros serue aos jdoles», XLII, 21; «cobijça de dinheiros), XLV, 32. Cfr. no Leal Conselheiro (sec. XV): «nom pensem que a justiça de Deos he cousa que se possa vender como se dessem pellos pecados dynheiros[5]. Em hesp. do sec. XIV:
discreçom, discrição: LVI, 17. Alterna com discriçom: vid. este vocabulo.
discriçom, discrição: XXXVI, 13. Vid. discreçom. — A fórma discreçom está mais proxima do lat. discretione- do que discriçom; todavia esta alterna, como vemos, com aquella. Tambem
- ↑ Num documento do sec. XVI encontro expressamente dereito deuino: «do arroz dous dizimos, hũ que he dereito deuino, que eu tenho por bulla do santo padre, e outro dizimo de direito (sic) a [prepos., ou por á] minha fazenda». Vid. Archivo Hist. Port., I, 380.
- ↑ Este testamento foi publicado pelo Sr. Pedro de Azevedo na Rev. Lusit., VIII, 80 ss. O trecho que cito vem a p. 82. Repete-se a phrase a p. 83.
- ↑ Cap. XVIII, p. 110.
- ↑ Cap. XVIII p. 111.
- ↑ Cap. LXXXVIII, 426. — No cap. LXII, p. 236, dinheiros póde porém tambem estar no sentido geral de «moedas». — O dinheiro era uma moeda antiga.
- ↑ Arcipreste de Hita, Libro de Buen Amor, ed. de Ducamin, Tolosa 1901, est. 255.