no Leal Conselheiro (sec. XV) se lê descliçom p. 25, discliçom p. 28. discreçom p. 46. — Em hesp. ant. ha discriçion, tambem com i[1].
doctor. O c não tem valor phonetico, é meramente etymologico: lat. doctor. A fórma genuina no nosso texto é doutor.
donezinha, doninha: XXV, 13. Esta fórma não estava ainda archivada nos nossos diccionarios.
doo, dó: X, 5; LXI, 27. — A duplicação do o é etymologica: lat. dolus, que vem no Corp. Inscr. Lat., XIII, 905; a esta fórma corresponde hesp. duelo, prov. dol, fr. ant. duel. Cfr. Literaturblatt für Germ. u. Rom. Philol., XXVI, 206.
douctor, doutor: VII, 11. Vid. supra doctor.
durar, supportar: XXIX, 20; XLI, 5. — A palavra, neste sentido, não foi ainda archivada nos nossos lexicos. Cfr. em hesp. arc. endurar «soffrer»[2], e fr. endurer, por ex. na phrase «endurer le froid». Tambem no Cancioneiro de D. Denis se acha endurar no mesmo sentido[3].
duravill. Póde ser assim, ou duravel. Vid. XX, 12, 13 e respectivas notas.
E
el, elle: prol. 11 (ell) e passim.
elamento, elemento: XX, 8. — Esta fórma encontra-se tambem num ms. do sec. XV, da Bibliotheca Nacional[4]. Não foi ainda archivada nos nossos lexicos. O a por e póde explicar-se por influencia do l seguinte.
- ↑ O i por e, tanto em port. como em hesp., é provavel que resulte de influencia do de discrimen, discriminare; o cl das fórmas usadas por D. Duarte resulta da oscillação que na lingoa antiga havia entre esse grupo de sons e cr, oscillação motivada originariamente pela phonetica (cfr. craro, claro; cramol, cramor, clamor), embora depois influisse nella a analogia falsa, como aqui. Escusado seria notar que todas as fórmas que cito nesta nota e no texto são de origem litteraria.
- ↑ Poema de Fernan Gonzalez, ed. de Marden, Baltimore, 1904, p. 49, est. 339 a:
No se omne en el mundo que (lo) podies[s]e endurar.
Incidentemente notarei que este verso me parece dever corrigir-se assim:
No se omne en el mundo que-l' podies[s]e endurar. - ↑ Vid. Das Liederbuch, ed. de Lang, Vocabulario, s. v. endurar.
- ↑ Cod. illuminado, nº 94.