de mamona. E caminhava, à boca da noite, seguindo a curvatura graciosa do lago Saracá, soluçante e pardo, para ir rezar uma ladainha!

A obrigação que se impusera de dizer missa todas as manhãs para o povinho ouvir ia ficando uma sujeição incompatível com a dignidade do sacerdócio, uma maçada ativa e passiva, pensava, recordando os dissabores do dia que ia findar na estopante reza da noite. O vinho, o famoso vinhito do Filipe do Ver-o-peso, já lhe não parecia o mesmo. O português o teria deslealmente adulterado com passas e aguardente açucarada? As hóstias sabiam a mofo, apesar de constantemente renovadas. A igreja nua, fria, só era procurada por gente incapaz de perceber uma silaba de latim. Então, à beira do lago deserto, uma indignação o possuiu, achando ridículo o recitar frases latinas e gregas a uma dúzia de negras velhas que, de joelhos, vergadas para trás, com os olhos em alvo e os dentes brancos brilhando na sombra, estropiavam