gasta da santa padroeira, da mãe de Deus que o olhava tristemente, humildemente quase, sem energia para esmagar a cabeça da serpente. Correu os olhos pela igreja toda, com pasmo, como se acordasse dum sonho delicioso e se encontrasse de repente na enfadonha realidade da vida. A cobertura do telhado ali estava, velha e remendada, as paredes caiadas, lisas, duma simplicidade sem graça, os quadros com figuras grotescas de santos e de almas penadas. Sonhara, sim, um sonho louco, de fantasia doente, para todo o sempre irrealizável. Como pudera conceber em Silves a edificação dum templo que fosse um monumento da fé católica e uma prova de poderoso gênio artístico? Jamais, naquele meio atrasado e já corrupto, naquela povoação dominada pela vulgaridade chata dum beatério sem sinceridade e sem elevação, jamais daquelas almas frias de tapuios indolentes, de provincianos vadios, poderia esperar um esforço convicto, um tentame qualquer que exprimisse força e vida, digna