era um ato de loucura, mas uma resolução fria e inabalável que livremente e no gozo inteiro das suas faculdades adotara.

- Mas como se explica? perguntou Macário, serenando o ânimo, e chegando-se para o simpático rapaz.

Ele, numa expansão, contou a desgraça da sua vida, sem ocultar coisa alguma, como se se confessasse. Desde a noite do baile do casamento do irmão, em que pela primeira vez depois de anos, vira a irmã da noiva, a adorável Milu, sentira que uma vida nova começara para ele. O seu coração abrira-se a sentimentos desconhecidos, um afeto forte o enchera, assenhoreando-se pouco a pouco, como numa embriaguez crescente, de todo o seu organismo. Quando o baile acabara, não havia para o Totônio Bernardino outra criatura no mundo senão a graciosa Emília, a rapariga de olhos pretos e boca perfumada. Que dizia? Não havia em todo o vasto universo senão o seu olhar travesso e o seu sorriso divino. Ela era o seu amor, a sua