arranjara tudo do melhor modo, com um macavelismo invejável, salvando o amor-próprio do padre e livrando o sacristão de ser comido por selvagens, o que na verdade era pior do que perder dois ternos de riscadinho e um chicote de tabaco, Macário devia, como bom cristão, curvar-se ao decreto divino e resignar-se à modesta ventura de não vir a figurar no calendário romano. Não devia imitar o desespero de padre Antônio de Morais, que cismava encostado a uma árvore do porto, com o olhar embebido na superfície do lago, procurando ali a solução de um problema insolúvel. Para Macário estava claro. Não havia outra solução senão voltar para Silves. Para cortejar a dor do senhor vigário, como moço bem-criado, mostrou-se contrariado com o resultado daquela infeliz viagem. Tomou um ar de resignado desgosto e um tom de irremediável pesar:

- Então, senhor padre vigário, não há remédio senão voltar para a vila?

- Não, nunca! exclamou padre Antônio,