remador de montarias. Sentia arderem-lhe as mãos, uma dor aguda comia-lhe as costas, descendo-lhe até os rins, e copioso suor inundava-lhe a fronte, dando uma sensação de crescimento ao lombinho, que o sol castigava com uma preferência incômoda. Desde alta madrugada estava Macário acordado, tinha perdido a noite, pela primeira vez na vida, na luta terrível que a prudência travara contra o prestigio e a força moral do vigário, e na qual fora vencida, por entre grandes suspiros e profundos desalentos. Carregara aos ombros os remos e os cachos de bananas, vendidos pela tia Teresa por muito bom dinheiro acompanhado das bênção de padre Antônio, e desde que as estrelas empalideceram à primeira claridade da aurora, sentara-se naquele banco e puxava pelo remo como se nunca tivesse feito outra coisa em dias de sua vida. O calor aumentava. Macário já não sentia as pernas adormecidas pela demorada imobilidade em que jaziam; os braços já se recusavam ao serviço. O lombinho,