a Clarinha ia ao porto ajudar o irmão a descarregar as chitas e os diversos objetos e galantarias que trouxera de Maués, o missionário, sozinho no copiar, sentado junto à mesa, vendo a figura graciosa da moça desaparecer entre as árvores do caminho, tivera um despertar da consciência, e fizera um exame introspectivo daqueles três meses decorridos, com a absoluta segurança de perito desapaixonado. Uma luz nova se fazia no seu cérebro, os fatos evocados lhe apareciam nus, destacados e salientes no exame duma crítica imparcial. O amor-próprio não devia influir na apreciação do seu procedimento. Juiz severo e reto, como se fossem atos de outro, ele os via pela lente fria e segura do observador desinteressado. O seu temperamento, a sua organização íntima, toda a sua individualidade patenteavam-se à lucidez da consciência, sem um refolho, sem um ponto obscuro. Os motivos que lhe haviam determinado o procedimento revelavam-se pela primeira vez à análise fria a que se entregava, lembrando-se, pesando,