— 71 —

ma que os dignifica. A váia acêsa, o insulto público, a carta anónima, a perseguição financeira... Mas recordar é quase exigir simpatia e estou a mil leguas disto.

E me cabe finalmente falar sobre o que chamei de "atualização da inteligência artística brasileira". Com efeito: não se deve confundir isso com a liberdade da pesquisa estética, pois esta lida com formas, com a técnica e as representações da beleza, ao passo que a arte é muito mais larga e complexa que isso, e tem uma funcionalidade imediata social, é uma profissão e uma fôrça interessada da vida.

A prova mais evidente desta distinção é o famoso problema do assunto em arte, no qual tantos escritores e filósofos se emaranham. Ora não ha dúvida nenhuma que o assunto não tem a menor importância para a inteligência estética. Chega mesmo a não existir para ela.