sereno amanhecer do amor envolto nos véus cândidos da inocência. Não era também a paixão juvenil com suas recordações saudosas, com seus sonhos dourados e ardentes aspirações de felicidade. Era tudo isso, e mais alguma coisa ainda. Eram os instintos sensuais longo tempo sopitados, que em uma organização vivaz e vigorosa despertavam com império irresistível. Era uma sede voraz de gozos e volúpias, era uma febre, era um delírio. O demônio da luxúria acendera nas chamas do inferno seu facho furibundo e com ele se aprazia em requeimar o sangue do mísero sacerdote.

Entrando em casa, Eugênio não quis ver pessoa alguma a fim de esconder a perturbação que o agitava, e como a noite já ia avançada, recolheu-se sozinho ao seu aposento.

A noite passou-a entregue às mais horríveis tribulações. Ora rezando com fervor, pedia aos céus forças para afrontar o embate da terrível tentação, que o assaltava, ora desalentado entregando-se ao delírio da paixão, chorava, rugia, blasfemava.

No dia seguinte perguntando-lhe seu pai quem era, e como ia a pessoa a quem tinha ido confessar, respondeu laconicamente:

— É uma rapariga que não conheço... não está