havia adormecido embalada em um delírio de felicidade, e graças a esse sono reparador amanhecera melhor, se bem que um tanto descorada e abatida. Isto mesmo denotava, que o sangue lhe corria mais calmo e regular pelas artérias. Sentia-se tão aliviada, que parecia-lhe ter voltado ao gozo de perfeita saúde.

Levantou-se alegre e tranqüila, penteou seus negros e compridos cabelos, plantou entre eles um botão de rosa, seu enfeite favorito, e vestiu-se com certo esmero e faceirice, como noiva, que se prepara para ser conduzida ao altar... não, como vítima, que se adorna para o sacrifício. Mesmo abatida como se achava, estava fascinante de beleza. Tinha nos olhos uma luz tão lânguida e quebrada, na boca uma expressão tão voluptuosa, as faces um tanto desbotadas tinham um matiz de jambo tão suave e delicado, e o colo e os braços acetinados eram de tão fresca e mimosa morbidez, que a custo se acreditaria, que aquela moça estava precisada dos socorros extremos da religião.

Quando Eugênio entrou, Margarida estava recostada ao travesseiro. O padre sobressaltou-se vendo-a tão fresca e tranqüila, e tão faceiramente vestida.