282
Desesperada affeição!
Oh amor sem redempção,
Que alli te fazes maior
Onde tens menos razão!
No mais alto e fundo pégo
Alli tens maior porfia:
Razão de ti não se fia.
Quem a ti te chamou cego,
Mui bem soube o que dizia.
Por ventura hia chorando?
FROLALTA.
Chorando hia e chamando
Ao Amor, Amor cruel;
E em, Senhora, se deitando
Lhe cahio este papel.
RAINHA.
Que papel?
FROLALTA.
Este, Senhora.
RAINHA.
Amostra, que quero lê-lo.
Agora acabo de crê-lo;
Que ao que mostra por fóra,
Aqui lhe lançou o sello.
Aqui lê o papel e diz:
RAINHA.
Oh estranha pena fera!
Desditosa vida chara!
Oh quem nunca cá viera,