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SCENA III.

ALCMENA.

Que fado, que nascimento
De gente humana nascida,
Que d’escasso e avarento,
Nunca consentio na vida
Perfeito contentamento!
Amphitrião, que mostrou
Hum prazer tão desejado
A quem tanto o desejou;
Na noite, que foi chegado,
Nessa mesma se tornou!
De se tornar tão asinha
Sinto tanto entristecer
O sentido e alma minha,
Que certo que me adivinha
Algum novo desprazer.
Mas parece este que vem,
Se não estou enganada:
Se elle he, venha com bem,
Pois que com sua tornada
Tão transtornada me tem.

SCENA IV.

Amphitrião, Alcmena e Sosea.

AMPHITRIÃO.

Com que palavras, Senhora,
Poderei engrandecer
Tão sublimado prazer,