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Lhe quero tomar a mão!
Mas oh! qu’isto não he assi,
Nem são villãos meus cuidados,
Como eu delles entendi;
Mas antes, de sublimados,
Os não posso crer de mi.
Porque como hei eu de crer
Que me faça minha estrella
Tão alta pena soffrer,
Que somente pola ter
Mereço a gloria della?
Senão se amor, d’attentado,
Porque me não queixe delle,
Tẽe por ventura ordenado
Que mereça o meu cuidado,
Só por ter cuidado nelle.

SCENA II.

Vilardo e Filodemo.

VILARDO.

O Senhor Dom Lusidardo
Dorme com todo o convento;
E elle com o pensamento
Quer estar fazendo alardo
De castellinhos de vento!
Pois tão cedo se vestio,
Com seu damno se conforme,
Pezar de quem me pario;
Que ainda o sol não sahio: