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SOLINA.
Eu o disse?
DIONYSA.
Eu não o ouvi?
Como mo quereis negar?
SOLINA.
E pois isso que releva?
Que se perde nisso agora?
DIONYSA.
Que se perde! Assi, Senhora,
Folgareis vós que se atreva
A contá-lo lá por fóra?
Que se lhe meta em cabeça
Alguma parvoa tenção?
Que faça, se vem á mão,
Algũa cousa que pareça?
SOLINA.
Senhora, não tẽe razão.
DIONYSA.
Eu sei mui bem attentar
Do que se ha de ter receio,
E do que he para estimar.
SOLINA.
Não he o demo tão feio
Como alguem o quer pintar;
E não se espera isso delle,
Que não he ora tão moço.
E Vossa Mercê asselle
Que qualquer segredo nelle
He como huma pedra em poço.