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e pregão, que não receiem seis mezes de má vida por esse mar, que eu as espero com procissão e palio, revestido em pontifical, aonde est’outras Senhoras lhe irão entregar as chaves da cidade, e reconhecerão toda a obediencia, a que por sua muita idade são ja obrigadas. Por agora não mais, senão que este Soneto[1] que aqui vai, que fiz á morte de Dom Antonio de Noronha, vos mando em sinal de quanto della me pezou. Huma Ecloga fiz sobre a mesma materia, a qual tambem trata alguma cousa da morte do Principe, que me parece melhor que quantas fiz. Tambem vo-la mandára para a mostrardes lá a Miguel Dias, que pela muita amizade de D. Antonio, folgaria de a ver; mas a occupação de escrever muitas cartas para o Reino, me não deo lugar. Tambem lá escrevo a Luis de Lemos em resposta d’outra que vi sua: se lha não derem, saiba que he a culpa da viagem, na qual tudo se perde.

Vale.



CARTA II.

Esta vai com a candeia na mão morrer nas de v. m.; e se dahi passar, seja em cinza; porque não quero que do meu pouco comão muitos. E se todavia quizer meter mais mãos na escudella, mande-lhe lavar o nome, e valha sem cunhos.

  1. He o Soneto 12.