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Que só ella
Conheça por alegria;
E que se outra quizer,
Morra por ella.

Pouco sabe da tristeza quem (sem remedio para ella) diz ao triste que se alegre. Pois não vê que alheios contentamentos a hum coração descontente, não lhe remediando o que sente, lhe dóbrão o que padece. Vós, se vem á mão, esperais de mim palavrinhas joeiradas, enforcadas de bons propositos. Pois desenganae-vos, que desque professei tristeza, nunca mais soube jogar a outro fito. E porque não digais, que não sou gente fóra do meu bairro, vêdes, vai huma volta feita a este mote, que escolhi na manada dos engeitados; e cuido que não he tão dedo queimado, que não seja dos que ElRei mandou chamar; o qual falla assi:

Não quero, não quero
Jubão amarello.

Se de negro for,
Tão bem me parece,
Quanto me aborrece
Toda alegre côr:
Côr que mostra dor,
Quero, e não quero
Jubão amarello.

Parece-vos que se póde dizer mais? Não me respondais: Quem gabará a noiva? porque assentae, que fui comendo e fazendo, ou assoprando, que não he tão pequena habilidade. E porque vos não pareça, que foi mais acertar, que querê-lo fazer; vêdes, vai outra do mesmo jaez, com tanto que se não vá a pasmar.