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A huma Dama, perguntando-lhe quem o matava.


Mote.

Perguntais-me, quem me mata?
Não quero responder nada,
Por vos não fazer culpada.

Volta.

E se a penna não me atiça,
A dizer pena tão forte,
Quero-me entregar á morte,
Antes que a vós á justiça.
Porém se tendes cobiça
De vos verdes tão culpada,
Direi que não sinto nada.




Mote.

Esconjuro-te, Domingas,
Pois me dás tanto cuidado,
Que me digas se te vingas,
Viverei menos penado.

Voltas.

Juravas-me, que outras cabras
Folgavas de apascentar;
Eu por não me magoar,
Fingia qu’erão palabras.
Agora d’arte te vingas
D’algum meu doudo peccado,
Qu’inda que queiras, Domingas,
Não posso ser enganado.