Crescem, Camilla, os abrolhos
De chorares por Cincero:
Não he muito, que lhe quero,
Belisa, mais que meus olhos.
Sempre os teus olhos estão,
Camilla, d’ágoas banhados.
De se verem desamados
Póde ser que chorarão.
Si, mas crescem os abrolhos,
E tu cegas por Cincero.
S’eu não vejo quem mais quero,
Para que quero mais olhos?
Se se foi ha mais d’hum mês,
Teus olhos não cansarão?
Não, que apos elle se vão
Estas lagrimas que vês.
Fazem logo estes abrolhos
O mato espinhoso e fero.
Pois eu não vejo a Cincero,
Isso só verão meus olhos.
Chorando queres morrer?
Mais quero viver chorando.
Tu não vês que vás cegando?
Se cego, como hei de ver?
Põe na vista outros antolhos.
Não posso, nem menos quero.
Outra para outro Cincero,
Antes não quero ter olhos.