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SONETOS.


CXVIII.

Não vás ao monte, Nise, com teu gado;
Que lá vi que Cupido te buscava:
Por ti somente a todos perguntava,
No gesto menos placido que irado.

Elle publíca, em fim, que lhe has roubado
Os melhores farpões da sua aljava;
E com hum dardo ardente assegurava
Traspassar esse peito delicado.

Fuge de ver-te lá nesta aventura,
Porque se contra ti o tens iroso,
Póde ser que te alcance com mão dura.

Mas ai! que em vão te advirto temeroso,
Se á tua incomparavel formosura
Se rende o dardo seu mais poderoso!



CXIX.

A violeta mais bella que amanhece
No valle por esmalte da verdura,
Com seu pallido lustre e formosura,
Por mais bella, Violante, te obedece.

Perguntas-me porque? Porque apparece
Em ti seu nome, e sua côr mais pura;
E estudar em teu rosto só procura
Tudo quanto em beldade mais florece.

Oh luminosa flor! Oh sol mais claro!
Unico roubador de meu sentido,
Não permittas que Amor me seja avaro.

Oh penetrante setta de Cupido!
Que queres? Que te peça por reparo
Ser neste valle Eneas desta Dido?