Te vejo abertamente na vontade!
Quão grande saudade tenho agora
Do tempo que a pastora minha amava,
E de quanto prezava a minha dor!
Então tinha o amor maior poder,
Quando em hum só querer nos igualava;
Porque quando hum amava a quem queria,
Logo eco respondia d'affeição
No brando coração da doce imiga.
Nesta amorosa liga concertavão
Os tempos, que passavão com prazeres.
Mostrava a flava Ceres por as eiras
Das brancas sementeiras ledo fruto,
Pagando seu tributo aos Lavradores;
E enchia aos pastores todo o prado
Pales do manso gado guardadora.
Hião Zéphyro e Flora passeando,
Os campos esmaltando de boninas;
Nas fontes cristallinas triste estava
Narciso, qu'inda olhava n'água pura
Sua linda figura e delicada:
Mas Eco, namorada de tal gesto,
Com pranto manifesto, seu tormento
No derradeiro accento lamentava.
Alli tambem se achava o sangue tinto
Do purpureo Jacintho; e o destrôço
De Adonis bello moço; morte fêa
Da bella Cytherêa tão chorada;
Toda a terra esmaltada destas rosas.
Hião Nymphas formosas por os prados;
E os Faunos namorados apos ellas,{