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Agora triste errar pola espessura,
Alheio d'herva verde e d'ágoa fria;
Sinal d'alguma grande desventura.
  Suspensa está das aves a harmonia;
E em certo modo mostra que lá chora
A mesma sequidão da penedia.
  A candida, rosada, bella aurora,
Que sempre os altos montes vem dourando,
Com hum pallor mortal se mostra agora.
  Está-se nestas hervas enxergando
Tão triste côr, que della se conhece
Que algum mal se nos vai apparelhando.
  Emfim, vejo que tudo s'entristece;
A causa ignoro. O ceo piedoso queira
Que menos seja o mal, do que parece.
  Porque, desde que habíto esta ribeira,
Não m'acórdo de a ver tão carregada,
Nem de a ouvir murmurar desta maneira.
  Não m'acórdo que visse outra alvorada
Tão confusa sahir, como esta vejo,
De profunda tristeza acompanhada.
  Agora aqui tomára quem sem pejo
A causa, se a soubesse, m'ensinasse,
Para satisfazer a meu desejo.
  Porque não posso eu crer que resultasse
D'alguma baixa causa hum tal effeito,
Que até nos duros montes se enxergasse.
  O coração cá dentro no meu peito
M'assegura, que tanta novidade
Não traz a origem de commum respeito.
  Mas, por entre a confusa claridade,{292}