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É doce como a lágrima perdida,
Que banha no cismar um rosto virgem:
Volta o rosto ao passado e chora a vida.
 

O POETA

Não sabes o quanto dói
Uma lembrança que rói
A fibra que adormeceu?...
Foi neste vale que amei,
Que a primavera sonhei,
Aqui minh'alma viveu.
 

A SAUDADE

Pálidos sonhos do passado morto
É doce reviver mesmo chorando:
A alma refaz-se pura. Um vento aéreo
Parece que do amor nos vai roubando.
 

O POETA

Eu vejo ainda a janela
Onde, à tarde, junto dela
Eu lia versos de amor...
Como eu vivia d'enleio
No bater daquele seio,
Naquele aroma de flor!