Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/246

Levado de um furor insano e louco,
Embargar pertendera a sua entrada.

Por muitos anos sei como ignorada
Foi aos humanos esta Serra: agora
A têm tentado alguns e nela mora
Um corpo de Europeus, a quem oculto
Tenho ainda os tesouros que sepulto.
Permite o Céu que sejas o primeiro,
A quem eu patenteie por inteiro
Todo o segredo das riquezas minhas.
Já desde quando no projeto vinhas
De encontrar as preciosas esmeraldas,
Eu te esperava deste monte às faldas.
O Deus destes tesouros impedia
Até aqui descobri-los, e fingia
Meu rosto aos homens tão escuro e feio,
Porque infundisse em todos o receio.

E pois que a sorte tens de que em meus braços
Ele mesmo te ponha; os ameaços
Cederão de Itamonte ao teu destino;
Vê pois, Garcia amado, o peregrino
Cabedal que possuo, e que pertendo
Ceda ao teu Rei. Se aos olhos estás crendo,
Não é fábula, não, essa grandeza
Que tens defronte da preciosa mesa.
Toda essa terra, que o descuido pisa
Dentro em meus braços, crê que se matiza
Com o louro metal, geral o fruto,
O nome de Gerais por atributo
Estas Minas terão; vês os diamantes:
Eles vêm de outras serras mais distantes,
Mas tudo corre a encher os meus tesouros;