LIVRO XII

 

Do rio Oceano ao pelago saímos,
Donde o Sol nasce e os coros são da Aurora,
E na praia da Eéia, a nau varando,
Á espera que alvoreça, adormecemos.
Da manhã mal assoma a rósea filha,5
De Elpenor o cadaver buscar mando:
Num teso litoral cortam-se troncos,
Em pranto o corpo e as armas lhe queimamos;
Túmulo erguido e uma coluna em cima,
No alto sepulcro se lhe fixa o remo.10
Durante os funerais, Circe, que do Orco
Nos sabia de volta, apressurou-se
Com servas, que trouxeram pães e carnes
E roxo ardente vinho: «Ó tristes, clama,
Tendes, vivos calando ao fundo abismo,15
Dupla morte, e os mais homens têm só uma.
Comei, bebei de dia, e na arraiada
Navegai; vossa rota, e em mar e em terra
Como eviteis o dano, hei de ensinar-vos.»

Persuadiu nosso peito. Em pingue bodo20
Libanos; e, ao crepúsculo da tarde,
Sobre amarras dormindo a marinhagem,
Circe me toma a destra, a par se encosta,
Pergunta-me de parte; eu por miúdo

A satisfaço, e ela assim discorre:25
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