A selecção natural; comparação do seu poder com o poder selectivo do homem; sua influência sobre os caracteres de pouca importância; sua influência em todas as idades e sobre os dois sexos. — Selecção sexual. — Circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis à selecção natural, tais como cruzamentos, isolamento, número de individuos. — Acção lenta. — Extinção causada pela selecção natural. — Divergência de caracteres nas suas relações com a diversidade dos habitantes de uma região limitada e com a aclimatação. — Acção da selecção natural sobre os descendentes de um tipo comum resultando da divergência dos caracteres. — A selecção natural explica o agrupamento de todos os seres organizados; os progressos do organismo; a persistência das formas inferiores; a convergência dos caracteres; a multiplicação indefinida das espécies. — Resumo.
Que influência tem sobre a variabilidade, esta luta pela existência que acabamos de descrever tão abreviadamente? O princípio da selecção, que vemos tão poderoso entre as mãos do homem, aplica-se ao estado selvagem? Provaremos que se aplica de uma maneira muito eficaz. Lembremos o número infinito de variações ligeiras, de simples diferenças individuais, que se apresentam nas nossas produções domésticas e, num grau inferior, nas espécies no estado selvagem; lembremos também a força das tendências hereditárias. No estado doméstico, pode dizer-se que todo o organismo inteiro se torna de certa forma plástico. Mas, como Hooker e Asa Gray o fizeram notar, a variabilidade que observamos entre todas as nossas produções domésticas não é obra directa do homem. O homem não pode produzir nem impedir as variações; pode apenas conservar e acumular as que se lhe apresentam. Expõe, sem intenção, os