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ORIGEM DAS ESPÉCIES

mitivas são daqui em diante representadas por quinze espécies. Em razão da tendência divergente da selecção natural, o valor da diferença dos caracteres entre as espécies a14 e z14 deve ser muito mais considerável que a diferença que existia entre os indivíduos mais distintos das onze espécies primitivas. Demais, as novas espécies estão aliadas entre si de uma maneira muito diferente. Nos oito descendentes de A, os indicados pelas letras a14, q14 e p14, são muito próximos porque são ramos recentes de a10; b14 e f14, tendo divergido num período muito mais antigo de a3, são, até certo ponto, distintos destas três primeiras espécies; e enfim o14, e14 e m14 são muito próximas umas das outras; mas, como divergem de A no começo mesmo desta série de modificações, estas espécies devem ser bastante diferentes das outras cinco, para constituir sem dúvida um subgénero ou um género distinto.

Os seis descendentes de I formam dois subgéneros ou dois géneros distintos. Mas como a espécie primitiva I diferia muito de A, porque se encontrava quase na outra extremidade do género primitivo, as seis espécies descendentes de I, devido apenas à hereditariedade, devem diferir consideravelmente das oito espécies descendentes de A; demais, supusemos que os dois grupos têm continuado a divergir em direcções diferentes. As espécies intermediárias, e é isto uma consideração muito importante, que ligam as espécies originais A e I, foram todas extintas, à excepção de F, única que deixou descendentes. Portanto, as seis novas espécies descendentes de I, e as oito espécies descendentes de A, deverão ser classificadas como géneros muito distintos, ou mesmo como subfamílias distintas.

É assim, creio eu, que dois ou muitos géneros derivam, após modificações, de duas ou de muitas espécies de um mesmo género. Estas duas ou muitas espécies origens derivam também, por seu turno, de qualquer espécie de um género anterior. Isto está indicado, no nosso diagrama, por linhas pontuadas colocadas por baixo das letras maiúsculas, linhas convergindo em grupo para um só ponto. Este ponto representa uma espécie, o suposto predecessor dos nossos subgéneros e dos nossos géneros. É útil parar um instante a considerar o carácter da nova espécie F14, que, temo-lo suposto, não divergiu muito, mas conservou a forma de F, quer com algumas pequenas modificações, quer sem qualquer alteração. As afinidades desta espécie com as outras catorze novas espécies devem ser necessàriamente muito curiosas. Derivada de uma forma situada pouco mais ou menos a igual distância entre as espécies origens A e I, que supomos extintas e desconhecidas, deve apresentar, até certo