X
ORIGEM DAS ESPÉCIES

habitantes brancos dos climas mais frios. Devo agradecer a M. Rowley, dos Estados Unidos, ter chamado, por intermédio de M. Brace, a minha atenção para esta passagem da memória do Dr. Wells.

O venerável e reverendo W. Herbert, mais tarde deão de Manchéster, escrevia em 1822, no 4.° volume das Horticultural Transactions, e na sua obra as Amaryllidacées (1837, p. 19, 339), que «as experiências de horticultura têm estabelecido, sem refutação possível, que as espécies botânicas não são mais que uma classe superior de variedades mais permanentes». Aplica a mesma opinião aos animais e vê que as espécies únicas de cada género foram criadas num estado primitivo muito plástico, e que estes tipos produziram ulteriormente, principalmente pelo cruzamento e também por variação, todas as nossas espécies existentes.

Em 1826, o professor Grant, no último parágrafo da sua memória sobre as espongilas (Edinburgh Philos. Journal, 1826, t. xiv, p. 283), declara nìtidamente que acredita que as espécies derivam de outras espécies, e que se aperfeiçoam no correr das modificações que vão sofrendo. Apoiou-se nesta mesma opinião na sua 55.ª conferência, publicada em 1834 no jornal The Lancet.

Em 1831, M. Patrick Matthew publicou um tratado com o título Naval Timber and Arboriculture, no qual emite exactamente a mesma opinião que M. Wallace e eu expusemos no Linnean Journal, e que vou desenvolver na presente obra. Infelizmente M. Matthew enunciou as suas opiniões lacònicamente e em passagens disseminadas num apêndice a uma obra tratando de assunto muito diverso; passariam até despercebidas se M. Matthew não chamasse a atenção para elas no Guardener's Chronicle (7 Abril 1860). As diferenças em os nossos modos de ver não têm grande importância. Parece crer que o mundo foi quase despovoado em períodos sucessivos e povoado de novo em seguida; admite, a título de alternativa, que novas formas podem produzir-se «sem auxílio de molde ou germe anterior». Julgo não compreender bem algumas passagens; parece-me, todavia, que dá muita importância à acção directa das condições da existência. Contudo, estabeleceu claramente todo o poder do princípio da selecção natural.

Na sua Description Physique des Îles Canaries (1836, p. 147), o célebre geólogo e naturalista von Buch exprime nitidamente a opinião de que as variedades se modificam pouco a pouco e se tornam espécies permanentes que não mais são capazes de cruzar-se.

Na Nouvelle Flore de l’Amérique du Nord (1836, p. 6), Rafi-