Distinção entre a esterilidade dos primeiros cruzamentos e a dos hibridos. — A esterilidade é variável em grau, não universal, afectada pela consanguinidade próxima, suprimida pela domesticidade. — Leis que rejem a esterilidade dos híbridos. — A esterilidade não é um carácter especial, mas depende de outras diferenças, e não é sobrecarregada pela selecção natural. — Causas da esterilidade dos híbridos e dos primeiros cruzamentos. — Paralelismo entre os efeitos de mudanças nas condições de existência e nas do cruzamento. — Dimorfismo e trimorfismo. — A fecundidade das variedades cruzadas e de seus descendentes mestiços não é universal. — Híbridos e mestiços comparados independentemente da sua fecundidade. — Resumo.
Os naturalistas admitem geralmente que os cruzamentos
entre as espécies distintas são feridos especialmente de esterilidade
para impedir que elas se confundam. Esta opinião parece,
à primeira vista, muito provável, porque as espécies de um
mesmo país quase se não poderiam conservar distintas, se fossem
susceptíveis de se entrecruzar livremente. Este assunto tem
para nós uma grande importância, sobretudo neste sentido de a
esterilidade das espécies, após um primeiro cruzamento, e a da
sua descendência híbrida, não poderem provir, como o demonstrarei,
da conservação de graus sucessivos e vantajosos para a
esterilidade. A esterilidade resulta das diferenças no sistema
reprodutor das espécies próximas.
Ordinàriamente, ao tratar-se deste assunto, confundem-se duas ordens de factos que apresentam diferenças fundamentais, e que são, por um lado, a esterilidade da espécie em seguida a