— Senhor Hutekle, o senhor conhece o doutor Adhil Ben Tad?

— Thaft, emendou o outro.

— Isto mesmo. Conhece-o, Senhor Hutekle?

— Conheço.

— É bom médico?

— Milagroso. Monta a cavalo, joga xadrez, escreve muito bem, é um excelente orador, grande poeta, músico, pintor, goal-keeper dos primeiros...

— Então é um bom médico, não é meu caro senhor?

— É. Foi quem salvou a minha mulher. Custou-me caro... Duas consultas...

— Quanto?

— Cinqüenta mil-réis cada uma... Some.

O merceeiro guardou a informação, mas não se resolveu imediatamente a ir consultar o famoso taumaturgo urbano. Cinqüenta mil-réis!

E se não ficasse curado com uma única consulta? Mais cinqüenta...

Viu na mesa o cozido, olente, fumegante, farto de nabos e couves, rico de toucinho e abóbora vermelha, a namorá-lo e ele a namorar o prato, sem poder gozá-lo com o ardor e a paixão que o seu desejo pedia. Pensou dias e afinal decidiu-se a descer até à cidade, para ouvir a opinião do doutor Adhil Ben Thaft sobre a sua dor no estômago, que lhe aparecia de onde em onde.

Vestiu-se o melhor que pôde, dispôs-se a suportar o suplício das botas, pôs ao colete o relógio, a corrente e o medalhão de ouro com a enorme estrela de brilhante que parece ser o distintivo dos pequenos e