Tão tolos são eles que não se lembram que tais marqueses e mais barões da sua terra são de origem tão humilde e tão vexatória em face do critério nobiliárquico que os próprios portadores de tais títulos fidalgos ocultam o mais que podem a sua ascendência. Mas é preciso voltar ao nosso Visconde de Pancôme.

À custa de todas essas vociferações, o povo não permitia que ninguém lhe tocasse na reputação e ficou convencido de que o homem era mesmo um demiurgo e consubstanciou a sua admiração ingênua nesta fórmula simples: "é um bruzundanguense conhecido na Europa".

Porque a mania daquele povo é querer à força que o seu país e os seus homens sejam conhecidos no estrangeiro, embora ele não possua uma atividade, de qualquer natureza, nem mesmo um homem notável que possa atrair a curiosidade dos estranhos sobre a região e as suas cousas.

De modo que, qualquer referência a ele ou a um natural dele, se ela é favorável e elogiosa, logo alvorota o povo da, Bruzundanga, que fica crente de que em todas as aldeias de países afastados não se fala em outra cousa senão na sua nação.

Quando, porém, se diz lá fora que, na sua população, há milhões de javaneses e mestiços deles (o que é verdade), imediatamente todos se aborrecem, zangam-se, lançando tristemente o labéu de vergonha sobre os seus compatriotas de tal extração.

É uma tolice deles (aí entram também muitos javaneses), pois tanto os de origem javanesa como os de outras raízes raciais têm dado inteligências e atividades que se equivalem. Não há este de tal procedência