O visconde, como sempre, pouco disposto a obedecer às leis, não se incomodou; e, cheio de admiração pela boniteza do requerente, riscou o despacho e escreveu com a sua letra um outro, determinando que o candidato comparecesse à sua presença.

No dia seguinte o rapaz foi ter com o ministro, que ficou embasbacado diante do lindo candidato.

De fato, era bonito, bonitinho mesmo, desbotado de cútis, e parecia até fabricado em Saxe ou em Sèvres. Tinha uns lindos dentes, um belo cabelo cuidado, não era alto, mas era bem apessoado. Merecia muito bem um bom casamento rico; contudo, o visconde quis melhor examiná-lo e perguntou:

— O senhor sabe sorrir bem?

O candidato não se atrapalhou e acudiu com firmeza:

— Sei, Excelência.

— Vamos ver.

E o lindo moço repuxou os lábios, entortou o pescoço de um lado, gracilmente, ajeitou os olhos e todo ele foi uma lindeza de impressionar o pacato secretário que, ao lado, assistia ao exame, completamente embrulhado em um fraque venerável e cheio de embevecimento.

Contente com isto, o ministro tratou de ir mais longe na experiência das excepcionais qualidades que o candidato revelava e convidou-o com voz paternal:

— Aperte a mão, ali, do Major Marmeleiro (o secretário). Faça o favor.

O examinando não se fez de rogado. Juntou os pés, curvou docemente o busto, levantou o braço e, sempre sorrindo, cumprimentou:

— Senhor Major Marmeleiro...