OS BRUZUNDANGAS
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mos de tico-tico e da arte poetica de Chalat augmentada e explicada com uma logica de gafanhotos, não possuia elle um acervo de noções geraes, de idéas, de observações, de emoções proprias e directas do mundo, de julgamentos sobre as cousas, tudo isso que forma o fundo do artista e que, sob a acção de uma concepção geral, lhe permite fazer grupamentos ideaes, originalmente, crear emfim.

A importancia do vate lhe vinha de redigir «A Kananga», órgão das casas de perfumarias, leques, luvas e receitas para doces, onde alguns rapazes, sob o seu olhar cioso, escreviam, para ganhar os cigarros, algumas cousas ligeiras.

O bardo samoyeda tomava, entretanto, a cousa a serio, como se estivesse escrevendo para a Revue de deux mondes uma formula de mãe-benta; e evitava o mais possivel que alguem tomasse pé na pueril «A Kananga». Era essa a sua maxima preoccupação de artista.

De todos os postiços literarios, usava, e de todas as mesquinhezas da profissão, abusava.

Era este de facto um samoyeda typico no intellectual, no moral, no physico. Tinha fama.

Poderia mais esclarecer semelhante escola, os seus processos, as suas regras, as suas superstições; mas não convém fazer semelhante cousa, porque bem podia acontecer que alguns dos meus compatriotas a quizessem seguir.

Já temos muitas bobagens e são bastantes.

Fico nisto.