OS MAIAS
 


I

 

Na manhã seguinte, Carlos, que se erguera cedo, veio a pé do Ramalhete até á rua de S. Francisco, a casa de Madame Gomes. No patamar, onde morria em penumbra a luz distante da claraboia, uma velha de lenço na cabeça, encolhida n’um chalesinho preto, esperava, sentada melancolicamente ao canto do banco de palhinha. A porta aberta mostrava uma parede feia de corredor, forrada de papel amarello. Dentro um relogio ronceiro estava batendo dez horas.

— A senhora já tocou? perguntou Carlos, erguendo o chapéo.

A velha murmurou, d’entre a sombra do lenço que lhe cahia para os olhos, n’um tom cançado e doente: