OS MAIAS
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noite. Mas insensivelmente, fumando, achou-se na rua de S. Francisco. As janellas de Maria Eduarda estavam tambem abertas e negras. Subiu ao andar do Cruges. O menino Victorino não estava em casa...

Amaldiçoando o Ega, entrou no Gremio. Encontrou o Taveira, de paletot ao hombro, lendo os telegrammas. Não havia nada novo por essa velha Europa; apenas mais uns Nihilistas enforcados; e elle Taveira ia ao Price...

— Vem tu tambem d’ahi, Carlinhos! Tens lá uma mulher bonita que se mette na agua com cobras e crocodilos... Eu pello-me por estas mulheres de bichos!... Que esta é difficil, traz um chulo... Mas eu já lhe escrevi: e ella faz-me um bocado d’olho de dentro da tina.

Arrastou Carlos: e pelo Chiado abaixo fallou-lhe logo do Damaso. Não tornára a ver essa flôr? Pois essa flôr andava apregoando por toda a parte que o Maia, depois do caso do Chiado, lhe dera por um amigo explicações humildes, covardes... Terrivel, aquelle Damaso! Tinha figura, interior, e natureza de pélla! Com quanto mais força se atirava ao chão, mais elle resaltava para o ar, triumphante!...

— Em todo o caso é uma rez traiçoeira, e deves ter cautela com elle...

Carlos encolheu os hombros, rindo.

Não, não, dizia o Taveira muito sério, eu conheço o meu Damaso. Quando foi da nossa