OS MAIAS
175

que voltára, olhando tambem, reconheceu no lamentavel calhambeque a caleche do Torto, dos Olivaes, onde elle ás vezes costumava vir «janotar a Lisboa».

— Era alguem lá da Toca? perguntou.

— Uma criada, disse Carlos, ainda espantado d’aquelle estranho embaraço de Melanie.

E mal tinham dado alguns passos, Carlos, parando, baixando a voz no rumor da rua:

— Ouça lá! O Eusebiosinho disse-lhe alguma coisa a meu respeito, Craft?

O outro confessou que Eusebiosinho, apenas lhe apparecera no quarto, rompera logo, mascando as palavras, a informal-o da mysteriosa vida de Carlos nos Olivaes...

— Mas eu fil-o calar, acrescentou Craft, declarando-lhe que era tão pouco curioso que nem mesmo quizera lêr nunca a Historia Romana... Em todo o caso você deve ir a Santa Olavia.

Carlos, com effeito, logo n’essa noite fallou a Maria da visita que devia ao avô. Ella, muito séria, aconselhou-lh’a tambem, arrependida de o ter retido assim, egoisticamente e tanto tempo, longe dos outros que o amavam.

— Mas ouve, querido, não é por muito tempo, não?

— Por dois ou tres dias, quando muito. E naturalmente, trago até o avô. Não está lá a fazer nada, e eu não estou para a massada de voltar lá...