OS MAIAS
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bando de apertar as luvas. Então Carlos, suspirando, resignado, estendeu os braços ao Baptista para elle lhe vestir um casaco leve de jornada. Ega ajudava, pedindo um abraço filial para Affonso, e recados para o gordo Sequeira.

Foi acompanhal-os a baixo, em cabello: e fechou elle a portinhola, promettendo a Maria Eduarda uma visita á Toca, apenas Carlos voltasse d’esses penhascos do Douro...

— Não vás para Cintra antes de eu voltar! gritou-lhe ainda Carlos. E a Michaela que tome conta em ti!

All right, all right, dizia o Ega. Boa jornada! Criado de v. exc.ª, minha senhora... Até á Toca!

O coupé partiu. Ega subiu ao seu quarto, onde outro criado lhe estava preparando o banho. Na saleta deserta, entre as flôres e os restos do jantar, as velas continuavam a arder solitarias, fazendo resaltar no painel escuro a pallidez de Pedro da Maia, e a melancolia dos seus olhos.

No sabbado seguinte, perto das duas horas, Carlos e Ega, ainda á mesa do almoço, acabavam os seus charutos, fallando de Santa Olavia. Carlos chegára de lá essa madrugada, só. O avô decidira ficar entre as suas velhas arvores até ao fim do outono que ia tão luminoso e tão macio...