OS MAIAS
11

teria de estar alli no quarto ainda quinze dias, perturbou-se mais, duas lagrimasinhas timidas quasi lhe fugiram das pestanas. Carlos terminou por lhe afagar paternalmente a mão.

Oh! Thank you sir! murmurou ella, commovida de todo.

Na sala, Carlos veio encontrar Maria Eduarda sentada junto da mesa, arranjando ramos, com uma grande cesta de flôres pousada ao lado d’uma cadeira, e o regaço cheio de cravos. Uma bella restea de sol, estendida na esteira, vinha morrer-lhe aos pés; e Niniche, deitada alli, reluzia como se fosse feita de fios de prata. Na rua, sob as janellas, um realejo ia tocando, na alegria da linda manhã de sol, a walsa da Madame Angot. Pelo andar de cima tinham recomeçado as correrias de crianças brincando.

— Então? exclamou ella, voltando-se logo, com um mólho de cravos na mão.

Carlos tranquillisou-a. A pobre miss Sarah tinha uma bronchite ligeira, com pouca febre. Em todo o caso necessitava resguardo, toda a cautela...

— Certamente! E ha de tomar algum remedio, não é verdade?

Atirou logo o resto dos cravos do regaço para o cesto, foi abrir uma secretariasinha de pau preto collocada entre as janellas. Ella mesmo arranjou o papel para elle receitar, metteu um bico novo na penna. E estes cuidados perturbavam Carlos como caricias.