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OS MAIAS

— Vamos a saber, meu amor... Decidiste, por fim? Quando queres partir?

N’essa noite, entre os seus primeiros beijos de noiva, ella mostrára o desejo enternecido de não alterar o plano da Italia e d’um ninho romantico entre as flôres d’Isola-bella: sómente agora não iam esconder a inquietação d’uma felicidade culpada, mas gozar o repouso d’uma felicidade legitima. E, depois de todas as incertezas e tormentos que o tinham agitado desde o dia em que cruzára Maria Eduarda no Aterro, Carlos anhelava tambem pelo momento de se installar emfim no conforto d’um amor sem duvidas e sem sobresaltos:

— Eu por mim abalava ámanhã. Estou sôfrego de paz. Estou até sôfrego de preguiça... Mas tu, dize, quando queres?

Maria não respondeu; apenas o seu olhar sorriu, reconhecido e apaixonado. Depois, sem retirar a mão que a longa caricia de Carlos ainda prendia, chamou Rosa através da janella.

— Mamã, espera, já vou! Passa-me umas migalhas... Andam aqui uns pardaes que ainda não almoçaram...

— Não, vem cá.

Quando ella appareceu á porta, toda de branco, córada, com uma das ultimas rosas de verão mettida no cinto — Maria quil-a mais perto, entre elles, encostada aos seus joelhos. E, arranjando-lhe a fita solta do cabello, perguntou, muito séria, muito commovida, se ella gostaria que Carlos viesse viver