OS MAIAS
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isso, esperar! Que melhor dever do que poupar ao pobre avô toda a dôr?... Maria de certo, como mulher, estava desejando anciosamente a conversão do amante no marido pelo laço d’estola que tudo purifica e nenhuma força desata. Mas ella mesma preferiria uma consagração legal — que não fosse assim precipitada, dissimulada... Depois, tão recta e generosa, comprehenderia bem a obrigação suprema de não mortificar aquelle santo velho. De resto, não conhecia ella a sua lealdade solida e pura como um diamante? Recebera a sua palavra: desde esse momento estavam casados, não diante do sacrario e nos registos da sacristia — mas diante da honra e na inabalavel communhão dos seus corações...

— Tens razão! gritou por fim, batendo no joelho do Ega. Tens immensamente razão! Essa idéa é genial! Devo esperar... E emquanto espero?...

— Como, emquanto esperas? acudiu Ega, rindo. Que diabo! Isso não é commigo!

E mais sério:

— Emquanto esperas tens esse metal vil que faz a existencia nobre. Installas tua mulher, porque desde hoje é tua mulher, aqui nos Olivaes ou n’outro sitio, com o gosto, o conforto e a dignidade que competem a tua mulher... E deixas-te ir! Nada impede que façaes essa viagem nupcial á Italia... Voltas, continúas a fumar a tua cigarette e a deixar-te ir. Este é o bom senso: é assim que pensaria