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OS MAIAS

o grande Sancho Pansa... Que diabo tens tu n’aquelle embrulho que cheira tão bem?

— Um ananaz... Pois é isso, querido: esperar, deixar-me ir. É uma idéa!

Uma idéa! e a mais grata ao temperamento de Carlos. Para que iria com effeito enredar-se n’uma meada de amarguras domesticas, por um excesso de cavalheirismo romantico? Maria confiava n’elle; era rico, era moço; o mundo abria-se ante elles facil e cheio de indulgencias. Não tinha senão a deixar-se ir.

— Tens razão, Ega! E Maria é a primeira a achar isto cheio de senso e d’opportunismo. Eu tenho uma certa pena em adiar a installação da minha vida e do meu home. Mas, acabou-se! Antes de tudo que o avô seja feliz... E para celebrar o advento d’esta idéa, Deus queira que Maria nos tenha um bom jantar!

Agora, ao aproximar-se da Toca, Ega ia receando o primeiro encontro com Maria Eduarda. Incommodava-o esse enleio, esse rubor que ella não poderia occultar — certa que, como confidente de Carlos, elle conhecia a sua vida, as suas miserias, as suas relações com Castro Gomes. Por isso hesitára em vir á Toca. Mas tambem, não apparecer mais a Maria Eduarda seria marcar com um relevo quasi offensivo o desejo caridoso de não molestar o seu pudor... Por isso decidira «dar o mergulho d’uma vez». Quem, senão elle, deveria ser o mais apressado em estender a mão á