OS MAIAS
255

serena, queria-o vêr trabalhar, mostrar-se, dominar...

— Com effeito, disse o Ega recostado e sorrindo, a era do romance findou. E agora...

Mas o Domingos servia o ananaz. E o Ega provou e rompeu em clamores de enthusiasmo. Oh que maravilha! Oh que delicia!

— Como fazes tu isto? Com Madeira...

— E genio! exclamou Carlos. Delicioso, não é verdade? Ora digam-me se tudo o que eu pudesse fazer pela civilisação valeria este prato de ananaz! É para estas coisas que eu vivo! Eu não nasci para fazer civilisação...

— Nasceste, acudiu o Ega, para colher as flôres d’essa planta da civilisação que a multidão rega com o seu suor! No fundo tambem eu, menino!

Não, não! Maria não queria que fallassem assim!

— Esses ditos estragam tudo. E o snr. Ega, em logar de corromper Carlos, devia inspiral-o...

Ega protestou requebrando o olho, já languido. Se Carlos necessitava uma musa inspiradora e benefica — não podia ser elle, bicho com barbas e bacharel em leis... A musa estava toute trouvée!

— Ah, com effeito!... Quantas paginas bellas, quantas nobres idéas se não podem produzir n’um paraiso d’estes!...

E o seu gesto molle e acariciador indicava a Toca, a quietação dos arvoredos, a belleza de Maria. Depois na sala, emquanto Maria tocava um nocturno