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OS MAIAS

o marquez: achava o Ega «muito...» — e completava o seu pensamento com um gestosinho do dedo ondeado no ar, como a exprimir que o Ega «era muito retorcido».

— Ahi está! exclamava elle. Porque eu sou mais civilisado que o outro! É a simplicidade não comprehendendo o requinte.

— Não, desgraçado! exclamavam do lado. É porque és impresso!... É a natureza repellindo a convenção!...

Bebia-se á saude de Maria: ella sorria, feliz entre os seus novos amigos, divinamente bella, quasi sempre de escuro, com um curto decote onde resplandecia o incomparavel esplendor do seu collo.

Depois organisaram-se solemnidades. N’um domingo, em que os sinos repicavam e a distancia foguetes esfuziavam no ar — Ega lamentou que os seus austeros principios philosophicos o impedissem de festejar tambem aquelle santo d’aldeia, que fôra decerto em vida um caturra encantador, cheio d’illusões e doçura... Mas de resto, acrescentou, não teria sido n’um dia assim, fino e secco, sob um grande céo cheio de sol, que se feriu a batalha das Thermopylas? Porque não se atiraria uma girandola de foguetes em honra de Leonidas e dos trezentos? E atirou-se a girandola pela eterna gloria de Sparta.

Depois celebraram-se outras datas historicas. O anniversario da descoberta da Venus de Milo foi commemorado com um balão que ardeu. N’outra