immenso chapéo de abas recurvas, á moda de 1830, carregado de crepe.
— Quem é? perguntou Carlos.
— É o tio do Damaso, o Guimarães, disse Maria, que córára tambem. É curioso, elle aqui!
Ah, sim! o famoso Mr. Guimarães, o do Rappel, o intimo de Gambetta! Carlos recordava-se de ter já encontrado aquelle patriarcha no Price com o Alencar. Comprimentou-o tambem; o outro ergueu de novo com uma gravidade maior o seu sombrio chapéo de carbonario. Ega entalára vivamente o monoculo para examinar esse lendario tio do Damaso, que ajudava a governar a França: e depois de se despedirem de Maria, quando a caleche já subia a rua do Alecrim e elles atravessavam para o Hotel Central, ainda se voltou seduzido por aquelles modos, aquellas barbas austeras de revolucionario...
— Bom typo! E que magnifico chapéo, hein! D’onde diabo o conhece a snr.ª D. Maria?
— De Paris... Este Mr. Guimarães era muito da mãi d’ella. A Maria já me tinha fallado n’elle. É um pobre diabo. Nem amigo de Gambetta, nem coisa nenhuma... Traduz noticias dos jornaes hespanhoes para o Rappel, e morre de fome...
— Mas então, o Damaso?
— O Damaso é um trapalhão. Vamos nós ao nosso caso... Essa immundicie que me mandaste, a Corneta? Dize lá.
Seguindo devagar pelo Aterro, Ega contou a