286
OS MAIAS

arranjar o estylo... N’este numero é que havia um folhetimzito meu, catita, cá á moderna, como eu gósto, alli com a piadinha realista a bater... Emfim fica para outra vez. E outra coisa, Ega, olhe que lhe agradeço. Quando quizer, eu e a Corneta ás ordens!

Ega estendeu-lhe a mão:

— Obrigado, digno Palma! E adiós!

— Pues vaya usted con Dios, Don Juanito! exclamou logo o benemerito homem com infinito salero.

Em baixo Carlos esperava, dentro do coupé.

— E agora? perguntou Ega, á portinhola.

— Agora salta para dentro e vamos liquidar com o Damaso...

Carlos já esboçára summariamente o plano d’essa liquidação. Queria mandar desafiar o Damaso como author comprovado d’um artigo de jornal que o injuriava. O duello devia ser á espada ou ao florete, um d’esses ferros cujo lampejo, na sala d’armas do Ramalhete, fazia empallidecer o Damaso. Se contra toda a verosimilhança elle se batesse, Carlos fazia-lhe algures, entre a bochecha e o ventre, um furo que o cravasse mezes na cama. Senão a unica explicação que Carlos aceitaria do snr. Salcede seria um documento em que elle escrevesse esta coisa simples: «Eu abaixo assignado declaro que sou um infame.» E para estes serviços Carlos contava com o Ega.

— Agradeço! agradeço! Vamos a isso! exclamava