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OS MAIAS

a dar. Em Loanda precisava-se bem um theatro normal como elemento civilisador!

N’esse momento um criado veio annunciar a Carlos — que o snr. Cruges estava em baixo, no portal, á espera. Immediatamente os dois amigos desceram.

— Extraordinario, este Gouvarinho! dizia o Ega na escada.

— E este, observou Carlos com um immenso desdem de mundano, é um dos melhores que ha na politica. Pensando mesmo bem, e mettendo a roupa branca em linha de conta, este é talvez o melhor!

Acharam o Cruges á porta, de jaquetão claro, embrulhando um cigarro. E Carlos pediu-lhe logo que voltasse a casa vestir uma sobrecasaca preta. O maestro arregalava os olhos.

— É jantar?

— É enterro.

E rapidamente, sem alludir a Maria, contaram ao maestro que o Damaso publicára n’um jornal, a Corneta do Diabo (cuja tiragem elles tinham supprimido, não sendo possivel por isso mostrar o numero immundo) um artigo em que a coisa mais dôce que se chamava a Carlos era pulha. Portanto Ega e elle Cruges iam a casa do Damaso pedir-lhe a honra ou a vida.

— Bem, rosnou o maestro. Que tenho eu a fazer?... Que eu d’essas coisas não entendo.

— Tens, explicou Ega, d’ir vestir uma sobrecasaca