Chiado, em S. Carlos, escarrava-lhe na cara. E, dado esse desastre, Damasosinho, a não querer ser apontado em Lisboa como um incomparavel cobarde, tinha de se bater á espada ou á pistola...
— Ora, em qualquer d’esses casos, você era um homem morto.
O outro escutava, esbarrondado no fundo do assento de velludo, com a face emparvecida para o Ega. Alargou mollemente os braços, murmurou da profundidade do seu terror:
— Pois sim, eu assigno, João, eu assigno...
— É o que lhe convém... Arranje então papel. Você está perturbado, eu mesmo redijo.
Damaso ergueu-se, com as pernas frouxas, atirando um olhar tonto e vago por sobre os moveis:
— Papel de carta? É para carta?
— Sim, está claro, uma carta ao Carlos!
Os passos do desgraçado perderam-se emfim no corredor, pesados e succumbidos.
— Coitado! suspirou o Cruges levando de novo, com um ar de arripio, a mão aos sapatos.
Ega lançou-lhe um chut severo. Damaso voltava com o seu sumptuoso papel de monogramma e corôa. Para envolver em silencio e segredo aquelle transe amargo, cerrou o reposteiro; e o vasto pano de velludo, desdobrando-se, mostrou o brazão de Salcede, onde havia um leão, uma torre, um braço armado, e por baixo, a letras d’ouro, a sua formidavel divisa: SOU FORTE! Immediatamente