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OS MAIAS

Affonso da Maia! gritou elle atirando um gesto immenso até ao tecto.

E o mais contente era o velho.

Depois de jantar, Carlos pediu ao Ega para ir com elle á rua de S. Francisco (onde Maria se installára n’essa manhã) levarem a nova da grande obra. Mas encontraram á porta uma carroça descarregando malas; e a senhora, contou o Domingos que ajudava os carroceiros, estava ainda jantando a um canto da mesa e sem toalha. Com tanta confusão na casa, Ega não quiz subir.

— Até logo, disse elle. Vou talvez procurar o Simão Craveiro e fallar-lhe da Revista.

Subiu lentamente o Chiado, leu os telegrammas na Casa Havaneza. Depois á esquina da rua Nova da Trindade, um homem rouco, sumido n’um paletot, offereceu-lhe uma «senhasinha». Outros, em volta, gritavam na sombra do Hotel Alliança:

— Bilhete para o Gymnasio! Mais barato... Bilhete para o Gymnasio! Quem vende?...

Havia um cruzar animado de carruagens com librés. Os bicos de gaz do Gymnasio tinham um fulgor de festa. E Ega deu de rosto com o Craft que atravessava do lado do Loreto, de gravata branca e flôr no paletot.

— Que é isto?

— Festa de beneficencia, não sei, disse o Craft. Uma coisa promovida por senhoras, a baroneza d’Alvim mandou-me um bilhete... Venha você d’ahi ajudar-me a levar esta caridade ao Calvario.