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OS MAIAS

frouxo termo — activos. Ega então suggeriu — emprehendedores. Melchior emendou, leu:

— «...publicado pelos emprehendedores editores...» Ora sêbo, rima!

Arrojou a penna, descorçoado. Acabou-se! Não estava em verve. E além d’isso era tarde, tinha a rapariga á espera...

— Fica para ámanhã... O peor é que já ando n’isto ha cinco dias! Irra! Você tem razão, a gente bestialisa-se. E faz-me raiva! Não é lá pelo livro, não me importa o livro... É pelo Craveiro, que é bom rapaz, e demais a mais pertence cá ao partido!

Abriu um gavetão, sacou uma escova, rompeu a escovar-se com desespero. E Ega ia ajudal-o, limpar-lhe as costas cheias de cal — quando entre elles surgiu a face chupada e nervosa do Gonçalo, com a sua gaforinha perpetuamente erguida como por uma rajada de vento.

— Que está o Egasinho a fazer n’este covil da noticia?

— Aqui a escovar o Sampaio... Estive tambem a ouvir o Neves, a grande phrase do Gouvarinho...

O Gonçalo pulou, com uma faisca de malicia nos olhos negros de algarvio esperto.

— A da cruz? Espantosa! Mas ha melhor, ha melhor!

Travou do braço do Ega, puxou-o para um canto da janella:

— É necessario fallar baixo por causa da rapaziada