OS MAIAS
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dos gados..., esphacelamento da propriedade..., fertil e desprotegida região...»

Começou então uma debandada sorrateira e formigueira, que nem os chuts do commissario do sarau, vigilante e de pé sobre um degrau do estrado, podiam conter. Só as senhoras ficavam; e um ou outro burocrata idoso, que se inclinava zelosamente para o murmurio de reza, com a mão em concha sobre a orelha.

Ega, que fugia tambem «ao vecejante paraiso do Minho», achou-se em frente do snr. Guimarães.

— Que massada, hein?

O democrata concordou que aquelle preopinante não lhe parecia divertido... Depois, mais sério, com outra idéa, segurando um botão da casaca do Ega:

— Eu espero que v. exc.ª ha pouco não ficasse com a impressão de que eu sou solidario ou me importo com meu sobrinho...

Oh! decerto que não! Ega vira bem que o snr. Guimarães não tinha pelo Damaso nenhum enthusiasmo de familia.

— Asco, senhor, só asco! Quando elle foi a primeira vez a Paris, e soube que eu morava n’uma trapeira, nunca me procurou! Porque aquelle imbecil dá-se ares d’aristocrata... E como v. exc.ª sabe, é filho d’um agiota!

Puxou a charuteira, ajuntou gravemente:

— A mãi, sim! Minha irmã era d’uma boa familia. Fez aquelle desgraçado casamento, mas era